Santa Casa de São Carlos realiza cirurgia cardíaca inédita na cidade


O procedimento foi realizado em 12 junho para tratar de um aneurisma da aorta torácica, todo o tratamento foi feito pelo SUS
Data da Notícia: 10/07/2015 13:15:19
Uma cirurgia cardíaca inédita foi realizada na Santa Casa de São Carlos há exato um mês. 12 de junho, para tratar de um aneurisma da aorta torácica. O procedimento é feito apenas por três cirurgiões no País e o paciente já está em casa, com a família em processo de recuperação. O procedimento foi realizado pelos cirurgiões cardíacos Mário Issa, que veio do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e Vinícius Sobral, que integrou a equipe do Incor (Instituto do Coração da Universidade de São Paulo), na capital paulista, ambos, novos integrantes da equipe de Cirurgia Cardíaca da Santa Casa. De acordo com Sobral, nos EUA, aproximadamente 15 mil pessoas ao ano são diagnosticadas como portadoras de aneurisma da aorta torácica. “Adicionalmente, mais de 47 mil indivíduos por ano morrem vítimas de doenças da aorta; mais do que câncer de mama, Aids, homicídios ou acidentes automobilísticos, fazendo da doença aórtico uma epidemia silenciosa”, relatou. O médico avalia que a decisão quanto à cirurgia é baseada no equilíbrio entre o risco cirúrgico e a chance de ruptura da aorta, podendo ser particularmente difícil em casos eletivos. “Por outro lado, entre pacientes com ruptura de aorta torácica, a mortalidade é extremamente elevada, situando-se acima de 94%”, explicou. No entanto, o procedimento realizado na Santa Casa foi um sucesso. Para o paciente foi um grande acontecimento diante do quadro clínico que ele se encontrava. “Eu disse para a minha família que faria a cirurgia se fosse até a distância de São Carlos. Eu não teria como ir para outra cidade para fazer esse procedimento. Tive sorte de encontrar o doutor Vinícius que realizou todo o processo pelo SUS [Sistema Único de Saúde]”, afirmou o paciente Fernando Aparecido Favoni, de 51 anos morador de Dourado, que em 15 dias já estava em casa com a família. Sobral explica que os pacientes portadores de aneurisma na porção inicial da aorta podem apresentar insuficiência da valva aórtica associada. Nesses pacientes a cirurgia classicamente realizada envolve a troca da valva por uma prótese mecânica e a substituição da parte doente da aorta com um tubo Dacron, um material inerte ao organismo. “Pacientes submetidos a essa técnica cirúrgica por conta da prótese valvar mecânica precisam receber para o resto da vida uma medicação anticoagulante, que necessita de controle rigoroso através de exames de sangue, além de apresentarem o risco de sangramentos diversos e formação de coágulos que impedem o adequado funcionamento da prótese”. A técnica realizada no paciente Fernando se chama técnica de reimplante e foi desenvolvida pelo médico Tirone David, médico brasileiro radicado em Toronto no Canadá. “Nesta técnica a valva aórtica é preservada e reimplantada no tubo de Dacron fazendo com que o paciente não necessite tomar nenhuma medicação anticoagulante, garantindo uma qualidade de vida superior ao paciente, sem necessidade de exames de sangue regulares, sem o risco de sangramentos ou formação de coágulos”, afirmou Mário Issa.