Médicos norte-americanos treinam equipe da Santa Casa para cirurgia de hérnias
Serão 30 procedimentos em pacientes do SUS durante três dias; técnica cirúrgica será aplicada por professores da Universidade da Califórnia
Data da Notícia: 10/09/2015 19:12:43
A Santa Casa de São Carlos recebeu nesta quinta-feira, 10, uma equipe formada por quatro médicos, sendo dois deles norte-americanos, para treinamento de seis cirurgiões do hospital na padronização da técnica de Lichtenstein ou Tension Free, utilizada para o tratamento de hérnia inguinal, que é considerada pela literatura médica o padrão-ouro nesse procedimento.
O projeto, que envolve ainda a Universidade da Califórnia (UCLA) com sede em Los Angeles (USA), o Centro de Estudos Augusto Leopoldo Ayrosa Galvão (Cealag), Santa Casa de São Paulo, e a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), prevê a realização de 30 cirurgias, em pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), de São Carlos, durante os próximos três dias.
De acordo com o médico, professor e coordenador da equipe de cirurgia da Santa Casa, Cláudio Ricardo Oliveira, este modelo de cirurgia já é consagrado, no entanto, ressaltou o médico: “a execução passou a ter variações, no decorrer do tempo. A proposta da UCLA é uniformizar o procedimento”.
Oliveira ainda ressalta que a técnica se encaixa feito luva para os hospitais que atendem ao SUS. “São cirurgias pouco invasivas, usa-se um número restrito de material cirúrgico e a anestesia é local. A proposta é que o paciente faça o procedimento durante uma manhã e no final do dia receba alta para ir para casa”.
Dessa maneira, salientou o cirurgião, diminui-se ocupação de leito pós-cirúrgico, reduz-se os riscos de infecção hospitalar e o mais importante, traz conforto ao paciente que poderá ficar em recuperação na própria casa.
A UCLA, que incorporou o Lichtenstein Hernia Institute (Instituto Lichtenstein), realiza ações na Europa, Ásia, África e América Latina no treinamento de médicos na perspectiva de ter o padrão ouro em cirurgias de hérnias inguinais.
Na avaliação de Oliveira, para a equipe médica da Santa Casa a oportunidade de reciclagem de conhecimento com os médicos norte-americanos na execução do procedimento é de suma importância e vem somar ao direcionamento do hospital em modernizar-se.
Para o cirurgião José Ciogoli a reprodução sistemática do procedimento traz apuro técnico. “A ideia e refinar a técnica e fazer dele um protocolo em cirurgias de hérnias inguinais na Santa Casa”.
Infraestrutura
Dentre os dez hospitais que vão receber o treinamento da UCLA, A Santa Casa se destacou pela organização. “ Somos o único hospital que conseguiu mapear 30 pacientes que precisavam de realizar a cirurgia, contata-los com antecedência, fazer os exames pré-cirúrgicos, organizar a agenda do Centro Cirúrgico, ou seja deixar toda a estrutura pronta para receber o treinamento. Recebemos elogios pelo desempenho da Cealeg”, ressaltou Oliveira.
A equipe que virá treinar outros médicos e composta pelos cirurgiões e diretor clínico da Lichtenstein Amid Hernia Clinic da UCLA, David Chen; médico e presidente da ONG Hernia For The Underseved, Charles J. Filipi; cirurgião e chefe de cirurgia pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Rodrigo Altenfelder Silva e o cirurgião e Coordenador de cirurgia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Sergio Roll.
Na visão do provedor da Santa Casa, Antônio Valério Morillas Júnior a escolha da Santa Casa como suporte para treinamento de médicos mostra o potencial do hospital que investe em infraestrutura física e tecnológica no intuito de se modernizar.
Para o gerente hospitalar da Santa Casa, Eduardo Pramparo a escolha do hospital para receber o treinamento mostra que a Secretaria Estadual de Saúde “vê com bons olhos o trabalho realizado aqui”. “A Santa Casa tem uma importância geopolítica no Estado, e o treinamento contínuo da equipe médica repercute na qualidade do nosso atendimento”.
Histórico
A técnica de Lichtenstein é o que se tem de mais apurado em cirurgia das hérnias inguinais, permitindo fixação de prótese de polipropileno, sem tensão na linha de sutura, baixa reincidência, ampla aplicabilidade, fácil ensino aos cirurgiões, alta precoce do paciente e menores custos.
A primeira vez que foi utilizado na literatura o termo "hernioplastia isenta de tensão" ocorreu em 1986, por Lichtenstein. Esta técnica rapidamente atingiu o "padrão-ouro" no tratamento das hérnias inguinais.
A minuciosa aplicação da técnica, tem sido o alicerce dos melhores resultados tardios, com recorrências menores que 1% descritos na literatura médica.
Qualidade e Estatística
5% da população é acometida por algum tipo de hérnia, sendo a hernioplastia a cirurgia mais realizada em todo o mundo (20 milhões por ano);
75% das hérnias estão na região inguinal
87% dos pacientes tem alta no mesmo dia;
80% dos pacientes consideram-se bons ou ótimo após procedimentos
13 % dos pacientes abaixo de 16 anos podem sentir dores intensas (necessitando de anestesia geral);
85 % das cirurgias de hérnias ainda são muito abertas;
Já existe uma ONG com 600 pessoas que estão levando a técnica desta cirurgia para países menos favorecidos;
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