Mapeamento mostra que Santa Casa atende 17,3 mil casos sem urgência


Para direção, volume gera reclamações sobre espera e afeta a qualidade.
Data da Notícia: 11/07/2016 14:45:02

Mapeamento realizado pela Santa Casa de São Carlos para identificar os tipos de atendimento da unidade mostra que, de abril de 2015 a junho de 2016, o hospital atendeu 17.303 casos classificados como verde e azul pelo Protocolo de Manchester, ou seja, pouco urgentes ou sem urgência. Segundo o hospital, esses casos, que poderiam ser atendidos em outros locais, como mostra a classificação publicada pela prefeitura na página 16 da edição de 1º de abril do Diário Oficial, acabam gerando reclamações sobre o tempo de espera, já que a prioridade são os casos de urgência e emergência, que no mesmo período somaram 28.495 atendimentos. “O governo do Estado de São Paulo exige que a nossa porta seja qualificada, que venham para a Santa Casa casos de urgência e emergência, como trauma, infarto, ou seja, demandas que precisam de uma tecnologia e recursos humanos de alta qualidade”, disse o gerente hospitalar, Edson Eduardo Pramparo. Apesar disso, o mapeamento mostra que a unidade continua recebendo casos como tosse, gripe e alcoolismo, que poderiam ser atendidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Segundo Pramparo, isso acontece porque há muita demanda espontânea, ou seja, o paciente sente alguma coisa diferente e vai direto para a Santa Casa. “A Santa Casa é da sociedade, estamos aqui para atender a todos, mas temos que dar prioridade para aqueles que deveriam estar aqui, que são as altas complexidades em cardiovascular, neurologia, neurocirurgia, politraumatismo, ortopedia e vascular”, disse. “A Santa Casa é o único local que tem tomografia, laboratório e ressonância magnética 24 horas, então a população procura o hospital”, completou. Pramparo explicou que existe um contrato com a Secretaria de Saúde, que determina quais tipos de serviços quer da Santa Casa. “Atendemos ou deixamos de atender basicamente aquilo que está no contrato, mas tenho certeza de que atendemos muito além”. “A prefeitura custeia parte dos médicos de urgência e emergência, mas os serviços não. Recebemos do Governo Federal aqui para ser porte estratégico, para receber urgência e emergência de toda a região, que tem de 400 a 500 mil pessoas”, disse. Para ele, é preciso haver uma integração maior com a atenção básica para que se respeite o protocolo. Tempo de espera Para o coordenador do serviço médico de urgência, Daniel Bonini, com tanta demanda, a qualidade do serviço cai e o tempo de espera dos casos mais simples aumenta. “Aqui não é quem chega primeiro, é quem chega mais grave. O tempo de atendimento de emergência e urgência é de menos de cinco minutos, é o procedimento com todo mundo”. Quando existe um caso grave, os pacientes sem risco esperam horas, sendo que poderiam ser atendidos em outros órgãos de saúde. “O grande problema mesmo é o volume, porque perde a qualidade assistencial”, disse Bonini. No dia 26 de maio, por exemplo, quando três pessoas ficaram gravemente feridas após uma explosão provocada por vazamento de gás, pacientes com casos simples ficaram aguardando por horas. “Naquele dia, estávamos com pessoas em estado gravíssimo, a população teve que esperar quatro horas na porta”, disse. Hospital Universitário O Hospital Universitário atende 24 horas e, segundo o chefe da divisão médica, Rodrigo Alves Ferreira, possui classificação de risco para casos classificados como laranja e vermelho, mas não é hospital de referência para determinados casos, como infarto agudo do miocárdio, politraumatismos e AVCs. O HU não possui ortopedistas e cirurgiões 24h e, quando recebe casos graves, realiza o primeiro atendimento, estabiliza o paciente e o encaminha para o hospital de referência através da central de regulação de vagas. Questionado se há expectativa de o hospital passar a atender os casos graves e quando isso deveria acontecer, o chefe da divisão médica informou à reportagem do G1 que "existem várias situações específicas de gravidade que são atendidas pelo HU, especificamente aquelas que não demandarão cirurgia ou ortopedia". Unidades de Pronto Atendimento A prefeitura afirmou que as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) têm atendimento 24h e são destinadas preferencialmente para urgência e emergência. "Nas UPAs, os pacientes não são tratados, são estabilizados e, nos caso graves, encaminhados para hospitais via Samu", explicou a assessoria de imprensa da administração municipal. Questionada sobre o porquê de as ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) sempre encaminharem os usuários para a Santa Casa, a prefeitura disse que isso ocorre porque a Santa Casa "é o único hospital da cidade. O Hospital Universitário não tem centro cirúrgico e nem leitos para internação, pois somente funciona o pronto atendimento". Nas Unidades de Pronto Atendimento, todos os médicos são plantonistas e não há especialistas. Elas são equipadas com Raio-X, mas não realizam exames de sangue e de urina. Ainda segundo a prefeitura, a UPA da Vila Prado atende cerca de 350 usuários por dia; no Santa Felícia, são 200 atendimentos diários e, no Cidade Aracy, 250 e são dadas orientações aos pacientes para não ocorrer a superlotação tanto da Santa Casa como das UPAs. Unidades Básicas de Saúde As Unidades Básicas de Saúde (UBSs) atendem pacientes agendados em regime de rotina em clínica médica, ginecologia e obstetrícia, odontologia e enfermagem. O horário de atendimento é das 7h às 17h. Unidades de Saúde da Família Já as Unidades de Saúde da Família têm um programa de atenção básica voltado para promoção, prevenção, cuidados e reabilitação. Os atendimentos são realizados das 7h às 17h nas unidades de saúde e por meio de visitas domiciliares por membros da equipe.