Dados da Oncologia da Santa Casa mostram crescimento no número de câncer


Levantamento indica que nos últimos cinco anos só a quimioterapia registrou aumento de 21,68%
Data da Notícia: 30/10/2014 00:00:00

Guimarães: “As estatísticas são mais precisas quanto ao diagnóstico, isso também traz uma elevação no registro dos casos [de tumor na próstata]”

Levantamento dos últimos cinco anos da Oncologia da Santa Casa de São Carlos indica crescimento no número de casos e tratamentos de câncer. De 2009 a 2013 foram registrados no hospital 2.431 pacientes a procura de tratamento quimioterápico, tanto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) como também através de convênio médico. Na radiologia o número de procura foi de 1.679, no mesmo período. Comparado o número de pacientes dos últimos cinco anos registra-se um crescimento na quimioterapia de 21,68%. Em 2009, passaram por tratamento do câncer pela Santa Casa, 438 pacientes. Os dados de 2013 apontam que 533 pacientes foram tratados no hospital. A procura pelo tratamento pela radiologia também mostra um crescimento, um pouco mais moderado, mas em ascensão. Comparados 2009 e 2013 os dados mostram um crescimento de 0,5%. O levantamento assinala que o número de incidência de câncer cresceu sistematicamente ano a ano, aproximadamente 0,4%. A radiologia mostra números próximos da quimioterapia quando revisados os últimos cinco anos. Com a campanha Outubro Rosa que promove um alerta ao câncer de mama, que dentro da oncologia é o tumor que lidera em número de incidência, os números retificam o alerta para a busca por um especialista ao suspeitar de algum problema, como afirmou a oncologista clínica da Santa Casa, Patrícia Ratto. Os números de tratamentos só elevaram nos últimos cinco anos. Em 2009 foram registrados 6.249 sessões de quimioterapia. No ano passado, foram contabilizados 8.117. O levantamento indica um crescimento de 29,8% no número de sessões quimioterápicas, envolvendo os tratamentos via Sistema Único de Saúde (SUS) e convênios médicos. O levantamento ainda indica qual tumor tem maior incidência. O câncer de mama está em primeiro lugar, seguido pelos casos de tumor na próstata, doença mieliproliferativa (doença no sangue) e tumor no colon e reto. Em um ranking de incidência da doença, analisando, como exemplo, apenas os dados de 2013 de mama e próstata, dos 3.422 pacientes que buscaram tratamento, 71% registrou tumor de mama e 29% de próstata. Essa estatística não se difere nos anos anteriores. Na avaliação do oncologista clínico Flávio Silva Guimarães, culturalmente, o homem busca ajuda médica após um quadro clínico já configurado, diferente do cuidado que as mulheres têm com o próprio corpo. Os especialistas são unânimes na avaliação de que há um crescimento no número de incidência da doença. No entanto, o índice também traz embutido diagnóstico mais preciso e precoce, o que altera os dados quantitativos. Guimarães afirmou que homem, após os 65 anos tem maior incidência do tumor de próstata. Com a longevidade dos brasileiros as probabilidades aumentam na mesma proporção. “Com a expectativa de vida do brasileiro tem aumentado mais homens que vivem mais tempo e chegam a uma faixa etária que há uma maior incidência do tumor”, ressaltou. O médico valorizou a iniciativa da campanha Novembro Azul, que alerta quanto às necessidades do homem fazer os exames preventivos após os 50 anos. O tumor da próstata atinge 10% dos casos de câncer da população mundial. Entre os homens que apresentam o tumor, perto de ¾ ou 75% surgem a partir dos 65 anos. “Nas últimas décadas o exame Antígeno Prostático Específico (PSA), por exemplo, trouxe uma maior qualidade no sistema de notificação. As estatísticas são mais precisas quanto ao diagnóstico, isso também traz uma elevação no registro dos casos. Diferente de décadas passadas, época em que muitos homens morriam sem saber que tinham a doença”, relatou Guimarães. Para Patrícia Ratto, 90% dos casos de câncer de mama não tem fator hereditário o que dificulta uma prevenção mais eficiente pela medicina. A médica defende o autoexame das mulheres, mas alerta que só ele não pode ser tido como “a única verdade”. “As mulheres devem fazer o autoexame e paralelamente, manter as consultas ao ginecologista e a partir dos 40 anos incluir a mamografia na rotina dos exames anuais. É importante ressaltar que mesmo sem encontrar nódulos no autoexame, a mulher deve procurar o ginecologista para um diagnóstico mais preciso, feito por especialista”, declarou.